A lesão de Stener é uma ruptura do ligamento colateral ulnar do polegar (na articulação metacarpofalangeana) em que o ligamento “sai do lugar” e fica bloqueado por uma estrutura próxima (a aponeurose do músculo adutor do polegar).
O resultado é simples de entender: o ligamento não encosta onde deveria e não cicatriza do jeito certo, mantendo instabilidade e perda de força de pinça.
Quem sente isso costuma reclamar de dor na base do polegar, inchaço e dificuldade para ações comuns, como abrir potes, girar chaves, segurar garrafa, escrever e fazer pinça com firmeza.
Onde fica o ligamento
Os dedos têm ligamentos colaterais dos dois lados de cada articulação. No polegar, o ligamento colateral ulnar fica no lado “interno” da articulação metacarpofalangeana, perto da comissura entre o polegar e o indicador.
Ele funciona como uma corda de contenção lateral, mantendo a articulação estável quando você faz força de pinça ou segura objetos.
Quando esse ligamento rompe, o polegar pode “abrir” para o lado e perder estabilidade.
O detalhe que define a lesão de Stener é a interposição do tecido do adutor do polegar, que impede o retorno do ligamento à posição correta.
Como essa lesão costuma acontecer
O mecanismo mais típico é um trauma que força o polegar para fora (abdução) e para trás, como quando você cai com a mão apoiada e o polegar “abre” no chão.
Também aparece em esportes com bola, lutas, bike, skate e quedas do dia a dia, inclusive ao tentar segurar um objeto durante a queda.
Quais são os sintomas da lesão de Stener
Os sintomas começam logo após o trauma, na maioria dos casos:
- Dor e sensibilidade na base do polegar, do lado ulnar;
- Inchaço e, às vezes, hematoma;
- Perda de força de pinça (pegar uma caneta, segurar celular, abrir frasco);
- Sensação de instabilidade, como se o polegar “falhasse” quando força;
- Dificuldade em girar tampas e fazer movimentos de torção.
Em rupturas completas, pode existir uma sensação clara de “abertura” lateral quando o polegar é forçado, especialmente em tarefas que exigem pinça forte.
Como o diagnóstico é feito
O diagnóstico com especialista em lesões da mão começa na consulta, com história do trauma e exame físico comparando com o polegar do outro lado.
O médico testa a estabilidade com manobras de estresse lateral e procura sinais de ruptura completa, como frouxidão excessiva e ausência de um “ponto final” firme ao testar o ligamento.
Mesmo quando o exame físico é muito sugestivo, exames de imagem ajudam a confirmar, mostrar o local da ruptura e planejar o tratamento.
Lesão parcial e lesão total: o que muda
Pense no ligamento como uma corda.
- Na lesão parcial, parte das fibras rompe e ainda existe continuidade, com estabilidade relativa.
- Na lesão total, a corda se rompe por completo, deixando a articulação instável.
A lesão de Stener é, na prática, uma ruptura completa com deslocamento e bloqueio do ligamento, o que reduz muito a chance de cicatrização correta só com imobilização.
Radiografia, ultrassom e ressonância: quando entram
A radiografia não “mostra” o ligamento, mas é útil para procurar fraturas associadas, principalmente fratura por avulsão na base da falange.
Já o ultrassom e a ressonância magnética conseguem avaliar o ligamento e podem identificar se existe deslocamento compatível com lesão de Stener.
A ressonância costuma dar uma visão mais completa, com maior custo e, às vezes, mais demora para agendar.
Como é o tratamento
O tratamento depende do tipo de ruptura e do tempo desde o trauma. Lesões parciais recentes costumam responder bem à imobilização do polegar (com órtese ou tala) e reabilitação guiada.
Na lesão de Stener, o caminho mais seguro costuma ser cirúrgico, porque o ligamento fica preso fora da posição correta.
A cirurgia reposiciona o ligamento e fixa novamente no osso, devolvendo estabilidade para a articulação.
Recuperação
Depois do procedimento, é comum usar uma órtese por algumas semanas. A reabilitação evolui em etapas, com ganho gradual de movimento, controle de edema e fortalecimento progressivo da pinça.
- Atividades leves: geralmente liberadas conforme dor e orientação do especialista, com proteção do polegar.
- Força de pinça mais pesada: costuma ficar mais confiável por volta de 3 meses.
- Esportes de contato: muitas vezes liberados perto do 4º mês, com proteção temporária.
Quanto tempo posso esperar para tratar
Se houver suspeita de ruptura completa, principalmente de lesão de Stener, não é uma boa ideia “testar para ver se melhora”.
O resultado tende a ser mais previsível quando o tratamento é feito cedo, nas primeiras semanas, caso contrário, pode ser necessário um procedimento maior, e a recuperação pode ficar mais demorada.
Procure avaliação com prioridade se a dor for forte, se o polegar estiver instável, se você não consegue fazer pinça, ou se o inchaço e hematoma foram importantes logo após o trauma.
Complicações e possíveis sequelas
O objetivo do tratamento é devolver a estabilidade, reduzir a dor e recuperar a função de pinça. Mesmo com condução correta, algumas queixas podem aparecer durante a recuperação.
- Alteração de sensibilidade: formigamento ou dormência em parte do polegar ou dorso da mão, em geral temporário.
- Rigidez: dificuldade de recuperar totalmente a mobilidade, especialmente se a reabilitação atrasa.
- Dor residual: sensibilidade local e espessamento na região podem persistir por meses.
- Instabilidade persistente: mais provável quando a lesão não foi tratada de forma adequada, ou quando houve atraso importante.
Na maior parte dos casos bem conduzidos, a força e a função do polegar voltam muito próximas do normal, com pequena perda de amplitude em alguns pacientes.
O ponto-chave é estabilidade, porque é ela que sustenta a pinça no dia a dia.
FAQs
Lesão de Stener melhora sem cirurgia?
Geralmente não. O ligamento fica preso fora da posição correta, o que dificulta a cicatrização adequada e mantém instabilidade. A avaliação clínica define a conduta.
Como saber se é lesão parcial ou total?
O exame físico comparativo é o principal. Ultrassom ou ressonância podem confirmar a ruptura e mostrar deslocamento do ligamento.
Radiografia serve para diagnosticar?
Ela não mostra o ligamento, mas ajuda a detectar fraturas associadas, que mudam o planejamento do tratamento.
Quanto tempo leva para voltar a fazer força?
Na maioria dos protocolos, força de pinça mais pesada fica mais segura perto de 3 meses, com progressão guiada pela reabilitação e pela estabilidade do polegar.
Posso ficar com o polegar “duro” depois?
Pode existir rigidez nas primeiras semanas, principalmente após imobilização. Reabilitação bem feita costuma melhorar bastante, mas alguma perda pequena de movimento pode permanecer.
O que acontece se eu não tratar?
O risco é manter instabilidade, dor crônica e perda de força de pinça, com chance maior de desgaste articular ao longo do tempo.
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