Sentir as pontas dos dedos das mãos dormentes preocupa muitos dos meus pacientes, atrapalhando tarefas simples.
O sintoma pode vir de compressões nervosas, alterações de circulação, deficiências nutricionais ou doenças sistêmicas. Em alguns cenários indica urgência.
A seguir, explico como reconhecer os sinais, as causas mais comuns, quais exames ajudam no diagnóstico e o que fazer para aliviar com segurança.
Pontas dos dedos das mãos dormentes: o que pode ser
A dormência ocorre quando o sinal do toque não percorre bem o caminho até o cérebro.
As causas mais comuns são compressão ou irritação do nervo, queda do fluxo sanguíneo, inflamação local e desequilíbrios metabólicos, como glicose fora da faixa ou falta de B12.
Sinais de alerta que pedem atendimento imediato
Procure pronto-socorro se a dormência aparecer com:
- Fraqueza súbita em um lado do corpo.
- Dificuldade para falar ou sorrir.
- Assimetria no rosto.
- Dor de cabeça intensa fora do padrão.
- Alteração visual ou desmaio.
Esses sinais podem indicar um evento neurológico agudo.
Principais causas, sintomas associados e quando desconfiar
Síndrome do túnel do carpo
Compressão do nervo mediano no punho, caracterizada por dormência em polegar, indicador e médio, pior à noite, com dor no punho e perda de destreza.
Quem digita muito, usa ferramentas vibratórias ou tem retenção de líquido tende a ter mais risco.
Síndrome do túnel cubital
Aperto do nervo ulnar no cotovelo, com sintomas como dormência no anelar e mindinho, dor no cotovelo e dificuldade para abrir potes ou segurar objetos finos.
Apoiar o cotovelo por longos períodos ou dormir com o cotovelo muito dobrado piora o quadro.
Radiculopatia cervical
Irritação de raízes nervosas no pescoço por desgaste, hérnia de disco ou desalinhamentos.
Dor cervical que irradia para ombro e braço, formigamento nas pontas dos dedos e perda de força. Piora com movimentos do pescoço, melhora com repouso e apoio.
Neuropatia periférica
Dano em nervos periféricos por diabetes descompensada, álcool, infecções, doenças autoimunes ou quimioterapia.
A pessoa apresenta uma sensibilidade alterada em luva e meia, queimação, perda de reflexos e desequilíbrio. Pode afetar mãos e pés ao mesmo tempo.
Síndrome de Raynaud
Espasmo dos vasos que irrigam os dedos. Mudança de cor da pele (pálida, azulada, depois avermelhada), sensibilidade ao frio e dor são alguns sinais.
Em geral, afeta pontas dos dedos das mãos e dos pés.
Deficiência de vitamina B12 e outras carências
Pode causar formigamento persistente, fadiga, dificuldade de concentração e palidez. Dietas restritivas, gastrite atrófica e uso prolongado de certos remédios reduzem a absorção.
A correção adequada da carência tende a melhorar a sensibilidade.
Artrite reumatoide, fibromialgia e doenças sistêmicas
- A artrite gera inflamação articular, rigidez e inchaço que comprimem nervos.
- A fibromialgia cursa com dor difusa, fadiga e queixas sensitivas, incluindo dormência nas mãos.
- Condições tireoidianas e esclerose múltipla também entram no diagnóstico diferencial.
Medicamentos e toxinas
Alguns fármacos podem provocar parestesias. Ajuste de dose ou troca, quando indicado pelo médico, costuma resolver. Exposição ocupacional a solventes e metais também merece investigação.
Como o médico investiga
O exame físico avalia a distribuição da dormência, força, reflexos e testes provocativos no punho e cotovelo.
Podem ser solicitados exames laboratoriais (glicemia, B12, função tireoidiana), eletroneuromiografia para mapear a condução nervosa, ultrassom musculoesquelético do punho e, quando necessário, ressonância magnética da coluna cervical.
Tratamentos que funcionam
Revisão de hábitos e ergonomia
Para quem sente pontas dos dedos das mãos dormentes ao trabalhar, vale:
- Ajustar a altura da cadeira.
- Alinhar punhos com antebraços.
- Alternar tarefas.
- Inserir micropausas de 1 a 2 minutos a cada 20 a 30 minutos.
Fisioterapia e terapia da mão
Incluem mobilizações neurais, fortalecimento de antebraço, alongamentos suaves, treino postural e educação para proteção articular.
Órteses e cuidados noturnos
No túnel do carpo, talas mantendo o punho neutro durante o sono aliviam formigamento.
Na compressão do nervo ulnar, evitar dobrar o cotovelo por longos períodos e usar órtese noturna mantém o canal mais livre.
Medicações e infiltrações
Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser usados por curto prazo. Em casos selecionados, a infiltração guiada por imagem reduz a inflamação no túnel do carpo.
Na neuropatia periférica, fármacos moduladores da dor neuropática podem ser necessários, sempre com acompanhamento médico.
Cirurgia
Quando há perda de força progressiva, atrofia do músculo do polegar, sintomas constantes por meses ou falha do tratamento conservador, a descompressão cirúrgica do nervo no punho ou no cotovelo costuma trazer alívio duradouro.
O que fazer em casa com segurança
Veja algumas orientações que repasso aos meus pacientes:
- Aquecer as mãos em clima frio.
- Evitar pressão direta sobre punhos e cotovelos.
- Variar as posições ao longo do dia.
- Hidratar-se e manter sono adequado
Se você continua sentido as pontas dos dedos das mãos dormentes, agende uma consulta para poder investigar melhor seu caso!
FAQs
Dormência nas pontas dos dedos pode ser só postura?
Pode, principalmente em quem mantém punhos dobrados por longos períodos. Se o sintoma retorna sempre, é preciso checar compressões nervosas.
Quando as Pontas dos dedos das mãos dormentes indicam urgência?
Quando aparecem com fraqueza em um lado do corpo, fala arrastada, rosto torto, dor de cabeça intensa ou alteração visual. Nesses casos, procure atendimento imediato.
Qual exame confirma túnel do carpo?
A eletroneuromiografia avalia a condução do nervo. Ultrassom e testes clínicos também ajudam a fechar o diagnóstico e definir o tratamento.
Vitaminas ajudam na dormência das mãos?
Somente quando há carência confirmada, como deficiência de B12. A suplementação deve ser orientada após exames e avaliação clínica.
O que posso fazer no trabalho para reduzir o formigamento?
Ajuste de ergonomia, micropausas, alternância de tarefas e talas noturnas no punho, quando indicadas. Se persistir, procure um especialista.
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