Lesão do TFCC no Punho: guia completo para tratar

A lesão do TFCC no punho costuma doer na borda ulnar — a região perto do dedo mínimo. Essa dor muitas vezes aparece ao apoiar a mão, girar uma maçaneta ou levantar algo mais pesado.

Neste guia, você entende o que é o TFCC e por que ele é chave para a estabilidade do punho.

Trago como a lesão acontece, os sinais que merecem atenção e os exames que ajudam a confirmar o diagnóstico, além das principais opções de tratamento e cuidados para evitar recaídas.

A ideia é identificar o problema cedo e orientar um caminho de recuperação seguro, com retorno às atividades sem medo.

O que é o TFCC e qual sua função

TFCC é a sigla de Triangular Fibrocartilage Complex, em português, complexo da fibrocartilagem triangular. Ele conecta o rádio e a ulna na porção distal do antebraço e interage com os ossos do carpo.

Age como estabilizador da articulação radioulnar distal, distribui carga e funciona como um amortecedor, permitindo rotação do antebraço, pronação e supinação com precisão e força.

Quando o TFCC está íntegro, tarefas como abrir frascos, girar maçanetas, usar raquetes ou apoiar o peso para levantar da cadeira acontecem sem dor.

Quando há lesão do TFCC no punho, esses movimentos passam a doer e a força de preensão cai.

Lesão do TFCC no punho: como acontece

Existem dois grandes grupos: traumáticas e degenerativas:

As traumáticas costumam ocorrer após queda com a mão espalmada, torção com o punho em desvio ulnar ou gestos esportivos de alta rotação, como no tênis e no golfe.

As degenerativas surgem por sobrecarga repetitiva ao longo do tempo, com microlesões que somam e levam ao quadro clínico.

Variações anatômicas, como ulna ligeiramente mais longa que o rádio, aumentam a pressão no compartimento ulnar e elevam o risco.

Atividades manuais intensas e falta de condicionamento também favorecem o problema.

Principais sintomas

O sinal mais comum da lesão do TFCC no punho é a dor na borda ulnar, pior ao girar a palma para cima, abrir tampas, apertar objetos ou apoiar o peso nas mãos.

Pode haver estalos, sensação de instabilidade e inchaço leve. Em muitos casos, surge perda de força para segurar, carregar e realizar tarefas finas.

Quadros crônicos tendem a oscilar, com períodos de melhora e piora conforme a carga do dia. Ignorar a dor por semanas pode prolongar a recuperação.

Como confirmar o diagnóstico

A avaliação começa com história clínica detalhada e exame físico dirigido para a região ulnar do punho.

Testes provocativos, palpação de pontos dolorosos e análise da estabilidade da articulação radioulnar distal ajudam a definir a suspeita.

A ressonância magnética identifica o local e a extensão da lesão, além de variações anatômicas e achados associados.

Em casos selecionados, a artroscopia diagnóstica permite visualizar a lesão por dentro da articulação com incisões pequenas, recurso que também possibilita tratamento no mesmo ato.

Tratamento passo a passo

O plano depende do tipo de lesão do TFCC no punho, padrão traumático ou degenerativo, presença de instabilidade, demandas funcionais e tempo de sintomas.

Em grande parte dos casos o tratamento inicial é conservador.

  • Controle da dor e inflamação com analgésicos sob orientação, crioterapia e modulação de carga no dia a dia.
  • Imobilização temporária com órtese que limita a rotação, útil em fases dolorosas ou em lesões agudas.
  • Reabilitação com terapia da mão, priorizando mobilidade progressiva, fortalecimento do eixo ulnar, treino de preensão e retorno gradual ao esporte.
  • Infiltração guiada pode ser considerada em casos selecionados para reduzir a dor e facilitar o ganho funcional.

Quando há falha do manejo conservador, instabilidade relevante ou lesões reparáveis no sítio adequado, a indicação cirúrgica entra em cena.

Cirurgia: quando e como

As técnicas artroscópicas são as mais utilizadas, com incisões pequenas e visualização direta das estruturas, cujo objetivo é reparar, desbridar ou estabilizar o TFCC conforme o padrão da lesão.

Em situações específicas pode ser necessário corrigir incongruências ulnocarpais para reduzir a sobrecarga.

No pós-operatório, a reabilitação é guiada por protocolo, iniciando com proteção do reparo, evolução da amplitude e posterior fortalecimento.

Muitos pacientes retomam atividades usuais entre quatro e oito semanas, respeitando variações individuais e a complexidade do procedimento realizado.

Prevenção e retorno seguro às atividades

Confira algumas orientações que compartilho com meus pacientes:

  • Fortaleça antebraço e ombro.
  • Ajuste a técnica esportiva.
  • Varie tarefas que exijam torção repetida.
  • Use equipamentos adequados.

O retorno ao treino deve ser progressivo, com monitoramento de dor e carga. Ao primeiro sinal de piora, reduza a intensidade e revise a mecânica do gesto.

Quando procurar ajuda

Dor persistente por mais de duas semanas, queda com torção do punho, estalos dolorosos, perda de força e dificuldade para girar a palma são motivos claros para uma avaliação especializada.

Quanto antes o diagnóstico da lesão do TFCC no punho, maior a chance de resolver com medidas conservadoras e evitar evolução para instabilidade.

Agende sua consulta para um exame mais detalhado e pensarmos na estratégia terapêutica mais apropriada!

FAQs

Lesão do TFCC no Punho sempre precisa de cirurgia?

Não. Muitos casos respondem bem a imobilização, modulação de carga e reabilitação dirigida. A decisão cirúrgica depende de instabilidade, padrão da lesão e resposta ao tratamento inicial.

Quanto tempo leva para voltar às atividades?

Em casos conservadores, a melhora funcional costuma aparecer entre 4 e 8 semanas. Após cirurgia artroscópica, o tempo pode ser semelhante, variando conforme o reparo e a recuperação individual.

Como diferenciar TFCC de tendinite do extensor ulnar?

Ambas doem na borda ulnar, porém a tendinite piora com esforço do tendão específico e pode ter crepitação sobre o trajeto. O exame físico direcionado e a ressonância magnética ajudam a distinguir os quadros.

Ressonância é obrigatória para diagnosticar?

Nem sempre, mas é o exame de imagem que melhor avalia o TFCC e as estruturas ao redor. Em situações de dúvida, a artroscopia diagnóstica pode confirmar e tratar no mesmo ato.

Posso treinar musculação com Lesão do TFCC no Punho?

Sim, com ajustes. Evite torções e desvios ulnar em fase dolorosa, reduza carga, privilegie exercícios que não provoquem dor e retome progressivamente sob orientação.

Órteses ajudam na recuperação?

Órteses que limitam rotação diminuem a tensão no TFCC em lesões agudas e em picos de dor. Devem ser usadas por período definido e associadas à reabilitação.

Dr. Henrique Bufaiçal
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Dr. Henrique Bufaiçal
Dr. Henrique Bufaiçal

Ortopedista Especialista em mãos Goiânia. Há mais de 8 anos dedicando-se exclusivamente aos cuidados ortopédicos e à Cirurgia da Mão.