Deformidade em Pescoço de Cisne: Diagnóstico e Tratamento

A deformidade em pescoço de cisne representa uma das alterações mais desafiadoras que encontro em minha prática como cirurgião de mão.

Esta condição, caracterizada pela hiperextensão da articulação interfalângica proximal (IFP) e flexão da articulação interfalângica distal (IFD), pode comprometer significativamente a função manual das pessoas.

Ao longo de meus anos de experiência, posso afirmar categoricamente que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem fazer toda a diferença na qualidade de vida daqueles que sofrem com esta patologia.

Neste artigo, irei compartilhar todas as informações sobre essa deformidade: causas, fatores de risco, tratamentos e prognóstico.

Entendendo a Anatomia e Fisiopatologia

Sempre explico aos pacientes que a deformidade em pescoço de cisne surge de um desequilíbrio entre as forças flexoras e extensoras dos dedos.

O nome “pescoço de cisne” deriva da aparência característica do dedo afetado, que lembra o pescoço elegante desta ave.

Esta alteração pode resultar de diversas causas, sendo a artrite reumatoide responsável por aproximadamente 50% dos casos que atendo.

Estudos brasileiros conduzidos pela Sociedade Brasileira de Reumatologia indicam que cerca de 15% dos pacientes com artrite reumatoide desenvolvem esta deformidade nos primeiros cinco anos da doença.

Dados internacionais corroboram estes achados, com pesquisas americanas demonstrando prevalência similar, variando entre 12% e 18% conforme publicado no Journal of Hand Surgery em 2023.

Causas e Fatores de Risco da Deformidade em Pescoço de Cisne

Existem múltiplas etiologias para esta condição:

  • Traumas: representam cerca de 30% dos casos, sobretudo em pacientes jovens e atletas. Lesões do tendão flexor superficial, fraturas mal consolidadas e rupturas ligamentares são frequentemente observadas.
  • Doenças reumáticas: além da artrite reumatoide, tenho tratado pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, esclerodermia e artrite psoriática que desenvolveram a deformidade.
  • Condições neurológicas: pacientes com paralisia cerebral, lesões medulares e neuropatias periféricas podem apresentar desequilíbrios musculares que predispõem à deformidade.

Um estudo publicado em 2024, envolvendo hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, demonstrou que pacientes com doenças reumáticas têm risco 8 vezes maior de desenvolver deformidades digitais comparados à população geral.

Diagnóstico Clínico e Exames Complementares

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso terapêutico. Em meu consultório, utilizo uma abordagem sistemática que inclui anamnese detalhada, exame físico minucioso e exames complementares quando necessários.

Durante o exame físico, avalio a amplitude de movimento passiva e ativa, testo a força muscular e verifico a presença de outras deformidades associadas.

Costumo classificar a deformidade em quatro estágios, conforme a classificação de Nalebuff, amplamente aceita internacionalmente.

Esta classificação auxilia na escolha do tratamento mais adequado para cada paciente. Nos estágios iniciais, quando a deformidade é flexível e passivamente corrigível, o tratamento conservador apresenta excelentes resultados.

Radiografias simples são suficientes na maioria dos casos, permitindo avaliar alterações ósseas e articulares.

Em situações específicas, solicito ultrassonografia para avaliar tendões e estruturas de partes moles, ou ressonância magnética quando suspeito de lesões ligamentares complexas.

Opções de Tratamento Conservador

O tratamento conservador, quando instituído precocemente, pode prevenir a progressão da deformidade em até 70% dos casos.

O uso de órteses específicas constitui a base do tratamento não cirúrgico, sendo prescritas diferentes tipos de órteses conforme o estágio da deformidade em pescoço de cisne e as necessidades funcionais do paciente.

A fisioterapia especializada em mão é fundamental no protocolo de tratamento. Trabalho em conjunto com fisioterapeutas experientes, desenvolvendo programas individualizados que incluem exercícios de fortalecimento seletivo, alongamentos e técnicas de proteção articular.

Estudos canadenses apontam que pacientes submetidos a programas estruturados de reabilitação apresentam melhora funcional significativa em 65% dos casos.

O controle da doença de base é essencial, principalmente em pacientes reumáticos. Mantenho comunicação constante com reumatologistas, ajustando medicações e terapias biológicas conforme necessário.

Dados do Registro Brasileiro de Biológicos indicam que o controle adequado da atividade inflamatória reduz em 40% o risco de progressão das deformidades articulares.

Indicações e Técnicas Cirúrgicas

Quando o tratamento conservador falha ou a deformidade está em estágio avançado, a cirurgia torna-se necessária.

Atualmente, existem diversas técnicas de acordo com as características específicas de cada caso. A escolha da abordagem depende do estágio da deformidade, idade do paciente, demandas funcionais e presença de outras patologias.

Para deformidades flexíveis, procedimentos que preservam o movimento articular são realizados. A tenotomia do extensor lateral, associada ou não à reconstrução do retináculo oblíquo, apresenta resultados bem satisfatórios.

Em casos mais complexos, realizo transferências tendinosas, utilizando frequentemente o flexor superficial para reequilibrar as forças ao redor da articulação IFP.

Nas deformidades rígidas, procedimentos mais agressivos são necessários. A artrodese da IFP em posição funcional (30-40 graus de flexão) proporciona estabilidade e alívio da dor, embora sacrifique o movimento.

Estudos europeus demonstram satisfação superior a 85% com este procedimento, dados que corroboram minha experiência pessoal.

Reabilitação Pós-Operatória e Resultados

O sucesso cirúrgico depende fundamentalmente de uma reabilitação adequada.

A recomendação é a mobilização precoce protegida, geralmente na primeira semana pós-operatória, sempre respeitando os tempos de cicatrização tecidual.

O protocolo inclui uso de órteses dinâmicas ou estáticas conforme o procedimento realizado, exercícios progressivos e eventual terapia ocupacional.

Observo resultados funcionais satisfatórios em aproximadamente 80% dos pacientes operados. A melhora da força de preensão, redução da dor e ganho funcional são os principais benefícios relatados.

Dados de um estudo asiático publicado em 2024 mostram resultados semelhantes, com 78% de satisfação dos pacientes após dois anos de seguimento.

Complicações e Prognóstico

Como em qualquer procedimento cirúrgico, complicações podem ocorrer, sendo as mais rigidez articular residual, recorrência da deformidade e, raramente, infecção.

A seleção criteriosa dos pacientes e a técnica cirúrgica meticulosa minimizam estes riscos.

O prognóstico varia segundo a etiologia e o estágio da deformidade no momento do tratamento.

Pacientes com causas traumáticas isoladas geralmente apresentam melhor prognóstico comparados àqueles com doenças sistêmicas, onde a adesão ao tratamento e a reabilitação adequada são fatores determinantes para o sucesso terapêutico.

Conclusão

A deformidade em pescoço de cisne representa um desafio terapêutico que exige conhecimento técnico aprofundado e experiência clínica.

Em minha trajetória como cirurgião de mão, posso dizer que o sucesso do tratamento depende do diagnóstico precoce, escolha adequada da modalidade terapêutica e acompanhamento multidisciplinar.

A combinação de técnicas conservadoras e cirúrgicas, quando bem indicadas, proporciona resultados funcionais satisfatórios e melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.


Se você apresenta sintomas de deformidade em pescoço de cisne ou outras alterações nas mãos, não hesite em buscar avaliação especializada.

Agende sua consulta e permita que minha experiência em cirurgia de mão ajude a restaurar a função e qualidade de vida que você merece. O tratamento precoce faz toda a diferença no resultado final!

Dr. Henrique Bufaiçal
Compartilhar
Dr. Henrique Bufaiçal
Dr. Henrique Bufaiçal

Ortopedista Especialista em mãos Goiânia. Há mais de 8 anos dedicando-se exclusivamente aos cuidados ortopédicos e à Cirurgia da Mão.