Tumor Glômico: Diagnóstico e Tratamento

Como cirurgião ortopedista especializado em doenças da mão e punho, posso dizer que o tumor glômico representa um dos diagnósticos mais desafiadores e fascinantes da nossa especialidade.

Apesar de raro, correspondendo a apenas 1-5% de todos os tumores de tecidos moles da mão segundo estudos brasileiros publicados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão, essa lesão benigna pode causar sofrimento desproporcional ao seu tamanho diminuto.

A maioria dos meus pacientes com tumor glômico chega ao consultório após uma verdadeira peregrinação médica. São pessoas que conviveram com dor intensa por meses ou até anos, muitas vezes sem um diagnóstico preciso.

Por isso, neste artigo, reuni todas as informações que você precisa saber sobre tumor glômico, desde o que é até eventuais complicações.

O que é o Tumor Glômico e sua Prevalência

O tumor glômico origina-se do corpo glômico, uma estrutura neuromioarterial especializada em termorregulação.

Dados internacionais mostram que 75% desses tumores ocorrem na mão, sendo 65% localizados na região subungueal.

Pesquisas do Hospital das Clínicas de São Paulo, publicadas em 2023, revelaram que o diagnóstico correto demora em média 3,5 anos no Brasil, período durante o qual os pacientes experimentam dor lancinante que compromete significativamente sua qualidade de vida.

Na minha prática, tento reduzir esse tempo através de uma abordagem sistemática de investigação.

Características Clínicas e Diagnóstico

A tríade clássica consiste em dor paroxística, sensibilidade ao frio e hipersensibilidade localizada.

Em meus pacientes, costumo observar que a dor do tumor glômico tem características peculiares:

  • Desproporcional ao tamanho da lesão.
  • Piora com mudanças de temperatura.
  • Pode ser desencadeada até mesmo pelo toque de um lençol.

O teste de Love consiste em pressionar a área suspeita com a ponta de uma caneta – quando positivo, o paciente apresenta dor intensa e localizada.

Em 85% dos casos, esse teste simples direciona corretamente o diagnóstico. Complemento sempre com o teste de Hildreth, aplicando um torniquete no braço: se a dor desaparece com a isquemia, aumenta minha suspeição diagnóstica.

A ressonância magnética tornou-se meu exame de escolha, com sensibilidade de 90% segundo estudos europeus de 2022.

Entretanto, ecistem casos que a lesão é tão pequena que não pode ser visualizada nos exames de imagem.

Abordagem Cirúrgica

Após confirmar o diagnóstico, explico aos meus pacientes que o tratamento definitivo é sempre cirúrgico, onde a excisão completa da lesão proporciona alívio imediato da dor.

Para tumores subungueais, a técnica envolve o descolamento cuidadoso da unha, preservando a matriz sempre que possível. A chave está na dissecção meticulosa e no manuseio delicado dos tecidos.

Um estudo colaborativo Brasil-Argentina de 2024 demonstrou que a taxa de recidiva após a excisão completa é inferior a 5%.

Cuidados Pós-operatórios e Resultados

O acompanhamento pós-operatório segue um protocolo, que consiste em:

  • Manter o curativo compressivo por 48 horas.
  • Mobilização precoce após 72 horas.
  • Acompanhamento semanal nas primeiras três semanas.

Os resultados funcionais são excelentes: 95% dos pacientes relatam resolução completa da dor imediatamente após a cirurgia.

O retorno às atividades laborais ocorre em média após 3 semanas para trabalhos administrativos e 6 semanas para atividades manuais pesadas.

Atletas e músicos, grupos geralmente retornam ao esporte ou performance após 8 semanas.

Complicações e Desafios

Embora o tumor glômico seja benigno, existem algumas situações desafiadoras.

A distrofia ungueal permanente é a complicação que mais preocupa os pacientes, especialmente mulheres. Por isso, sempre discuto essa possibilidade no pré-operatório e documento fotograficamente a aparência da unha antes da cirurgia.

Outro desafio é o diagnóstico diferencial com outras lesões dolorosas da mão. Neuroma, cisto mucoso, osteoma osteoide e até mesmo síndrome de dor regional complexa podem mimetizar os sintomas.

Por isso, mantenho sempre uma abordagem sistemática e mente aberta durante a investigação diagnóstica.

Conclusão

O tumor glômico, apesar de sua raridade, deve fazer parte do diagnóstico diferencial de todo ortopedista que atende pacientes com dor crônica na mão.

A escuta atenta da história clínica e o exame físico minucioso são fundamentais para o diagnóstico precoce.

A combinação de experiência clínica com recursos diagnósticos modernos permite oferecer aos pacientes um tratamento definitivo e resultados excelentes.


Se você sofre com dor intensa e localizada na mão, especialmente na região das unhas, não ignore esses sintomas.

Como especialista em patologias da mão, posso ajudar no diagnóstico preciso e tratamento definitivo. Agende sua consulta e recupere sua qualidade de vida!

Dr. Henrique Bufaiçal
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Dr. Henrique Bufaiçal
Dr. Henrique Bufaiçal

Ortopedista Especialista em mãos Goiânia. Há mais de 8 anos dedicando-se exclusivamente aos cuidados ortopédicos e à Cirurgia da Mão.