A fratura de escafoide é uma das lesões mais comuns entre as fraturas do punho, especialmente em pessoas jovens e ativas.
Na minha prática clínica na área de ortopedia de lesões das mãos, recebo muitos pacientes com dor persistente no punho após uma queda, geralmente sobre a mão estendida.
Muitas vezes, esse tipo de fratura passa despercebido nos primeiros atendimentos, o que pode levar a complicações se não for tratada corretamente.
Reuni neste conteúdo tudo que você precisa saber sobre fratura de escafoide, desde como ocorre até as melhores abordagens terapêuticas!
Onde fica o escafoide e qual sua função
O escafoide é um pequeno osso localizado na base do polegar, dentro do punho.
Ele faz parte da fileira proximal dos ossos do carpo e tem um papel essencial na estabilidade e mobilidade do punho.
Sua posição estratégica e o suprimento sanguíneo limitado tornam as fraturas dessa região mais complexas do que parecem à primeira vista.
Como ocorre a fratura de escafoide
Na maioria dos casos que atendo, a fratura de escafoide ocorre após uma queda com apoio direto sobre a mão.
É o típico caso do paciente que tropeça, cai para frente e tenta se proteger com o braço estendido. O impacto direto nessa posição transmite a força ao punho e, em certos ângulos, ao escafoide.
Essa fratura é mais comum em homens jovens, principalmente entre 15 e 30 anos, que praticam esportes de impacto ou atividades físicas intensas.
É comum também em acidentes com bicicleta, skate ou esportes de contato.
Sintomas que merecem atenção
Um dos maiores desafios na fratura de escafoide é o diagnóstico precoce.
Muitos pacientes chegam ao consultório com queixas de dor leve ou moderada no lado do polegar do punho, mas continuam com as atividades do dia a dia, acreditando ser apenas uma entorse.
Os sinais mais frequentes incluem:
- Dor na base do polegar, especialmente ao movimentar o punho;
- Inchaço leve e localizado;
- Dificuldade para pegar objetos ou fazer movimentos de preensão;
- Sensibilidade ao toque na chamada “tabaqueira anatômica”, um ponto anatômico específico no dorso do punho.
Quando um paciente relata esse tipo de quadro após um trauma, sempre considero a fratura de escafoide como uma possibilidade, mesmo que os exames iniciais não mostrem alteração.
Diagnóstico por imagem
Nos primeiros dias após o trauma, o raio-X pode não identificar a fratura, principalmente se ela for pequena ou não deslocada. Por isso, costumo solicitar exames complementares quando há suspeita clínica alta.
A ressonância magnética é o exame mais sensível para detectar a fratura de escafoide logo no início. A tomografia também é útil, particularmente para avaliar o grau de consolidação ou o alinhamento ósseo em casos de acompanhamento.
Em minha rotina, prefiro iniciar o tratamento em casos suspeitos com imobilização adequada e aguardar confirmação com exames mais precisos, se necessário. Isso evita atrasos que podem comprometer o prognóstico.
Opções de tratamento
O tratamento da fratura de escafoide depende de vários fatores: localização da fratura, presença de desvio, tempo desde o trauma e perfil do paciente.
- Quando a fratura é sem desvio e diagnosticada logo após o trauma, o tratamento conservador com imobilização é o mais indicado. Utilizamos uma tipoia gessada ou órtese rígida por um período de 6 a 12 semanas, com acompanhamento periódico por imagem.
- Nos casos com desvio, ou quando há falha na consolidação (pseudartrose), a cirurgia pode ser necessária. O procedimento mais comum é a fixação com parafuso canulado, que oferece boa estabilidade e, muitas vezes, permite uma recuperação mais rápida.
Tenho utilizado essa abordagem em pacientes que desejam retornar precocemente ao esporte ou à atividade profissional, sempre respeitando os limites biológicos de cicatrização óssea.
Riscos da fratura não tratada
A fratura de escafoide, quando não diagnosticada ou tratada de forma adequada, pode evoluir para complicações sérias, como
- Necrose avascular, resultado da interrupção do suprimento sanguíneo do osso.
- Desenvolvimento de pseudartrose, uma falha na união dos fragmentos ósseos.
Essas condições levam a dor crônica, limitação de movimento e, em muitos casos, à artrose precoce do punho.
Já atendi pacientes que conviveram anos com dor leve intermitente, até que uma piora funcional os trouxe de volta ao consultório.
Nessas situações, o tratamento cirúrgico torna-se mais complexo e com recuperação mais prolongada.
Cuidados na recuperação
A recuperação após fratura de escafoide exige paciência e acompanhamento regular. Mesmo após a retirada da imobilização ou alta pós-cirúrgica, é importante reabilitar a força e a mobilidade do punho.
Costumo orientar meus pacientes sobre a importância da fisioterapia, especialmente para evitar rigidez articular e perda de função.
Também reforço a necessidade de evitar atividades de impacto antes da liberação médica, mesmo que a dor tenha cessado.
Quando procurar um especialista
Qualquer dor persistente no punho após um trauma, sobretudo na região do polegar, deve ser avaliada por um ortopedista com experiência em patologias da mão.
O diagnóstico precoce faz toda a diferença no sucesso do tratamento.
Se você sofreu uma queda e percebe dor ao movimentar o punho ou ao apoiar o peso com a mão, não espere a dor aumentar.
Buscar orientação o quanto antes pode evitar meses ou até anos de dor e limitação.
Conclusão
A fratura de escafoide é uma lesão comum que requer atenção médica imediata para evitar complicações graves.
Como ortopedista, é fundamental abordar essas lesões com seriedade e oferecer tratamento personalizado para cada paciente.
Com diagnóstico e tratamento adequados, é possível garantir uma recuperação completa e evitar problemas futuros.
Imagens: Créditos Freepik
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