Na minha prática clínica como ortopedista especialista em cirurgia de mão em Goiânia, atendo com frequência pacientes que recebem o diagnóstico de encondroma na mão.
Esse tipo de tumor ósseo benigno costuma gerar bastante apreensão, principalmente por afetar uma região tão delicada e essencial para as atividades do dia a dia.
Apesar do nome pouco familiar para a maioria das pessoas, o encondroma é uma condição relativamente comum no consultório de ortopedia.
Neste artigo, irei explicar de forma clara o que é encondroma na mão, principais sintomas e mostrar quando a cirurgia é necessária.
O que é um encondroma?
O encondroma é um tumor cartilaginoso benigno, ou seja, que não tem comportamento agressivo nem risco direto de metástase.
Ele surge dentro do osso e é formado por tecido semelhante à cartilagem que, por algum razão, continua se acumulando ao longo do tempo.
Na mão, os encondromas aparecem com mais frequência nos ossos dos dedos. Muitas vezes, esse tipo de lesão é descoberto por acaso, durante exames de imagem solicitados por outros motivos.
Em outras situações, o paciente já apresenta dor, deformidade no dedo ou até fraturas espontâneas — que ocorrem sem trauma significativo.
Causas do encondroma
A causa exata do encondroma na mão ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que ele resulte de mutações genéticas durante o desenvolvimento ósseo, levando ao crescimento anormal de células da cartilagem.
Em muitos casos, os encondromas são esporádicos, sem um histórico familiar conhecido.
Entretato, condições como a doença de Ollier e a síndrome de Maffucci, que envolvem múltiplos encondromas, têm um componente genético e podem ser herdadas.
Sintomas mais comuns de encondroma na mão
Muitos dos meus pacientes com encondroma na mão chegam ao consultório sem sintomas específicos. O diagnóstico costuma ser incidental.
No entanto, quando o tumor cresce ou enfraquece a estrutura óssea, os sinais começam a surgir:
- Dor localizada no dedo afetado;
- Inchaço discreto ou aumento de volume;
- Deformidade óssea visível;
- Fraturas frequentes ou sem motivo aparente;
- Dificuldade para movimentar o dedo.
Quando essas queixas estão presentes, é fundamental investigar com exames de imagem, como radiografia ou ressonância magnética.
Diagnóstico
O diagnóstico do encondroma é feito, na maioria dos casos, por meio de uma radiografia. Na imagem, observamos uma área radiolúcida (mais escura), bem delimitada, no interior do osso.
A ressonância magnética pode ser solicitada em casos duvidosos ou quando há suspeita de outro tipo de lesão óssea.
Com base na minha experiência, sempre avalio o histórico clínico, o padrão de crescimento do tumor e o risco de fratura, para diferenciar um encondroma de outras lesões, como cistos ou até tumores mais agressivos.
Quando é necessário operar?
Nem todo encondroma precisa de cirurgia. Em muitos casos, especialmente quando o tumor é pequeno, estável e não causa sintomas, optamos apenas pelo acompanhamento clínico com exames periódicos.
A cirurgia é indicada principalmente nos seguintes casos:
- Presença de fratura causada pelo tumor;
- Dor persistente que limita as atividades;
- Crescimento progressivo da lesão;
- Risco de instabilidade óssea;
- Dúvida diagnóstica sobre a natureza da lesão.
O procedimento consiste na curetagem, ou seja, na retirada do tumor por raspagem da parte interna do osso.
Em alguns casos, preenchemos o espaço com enxerto ósseo ou cimento ortopédico, dependendo da necessidade de reforço estrutural.
Como é a recuperação após o tratamento?
Após a cirurgia para retirada do encondroma na mão, o paciente costuma ter uma recuperação favorável.
Na maioria dos casos, não há necessidade de imobilização prolongada. O retorno às atividades leves pode ocorrer em algumas semanas, mas sempre com orientação adequada.
A fisioterapia é um ponto fundamental da reabilitação, pois ajuda a restaurar os movimentos e a força da mão.
O acompanhamento frequente no consultório também é importante para garantir que não haja recidiva da lesão.
O encondroma pode virar câncer?
Essa é uma dúvida comum no consultório. A chance de um encondroma na mão se transformar em um tumor maligno é extremamente baixa.
Em casos raros, especialmente quando múltiplos encondromas estão presentes (como na doença de Ollier ou na síndrome de Maffucci), o risco pode ser maior.
Nesses cenários, o acompanhamento deve ser ainda mais criterioso.
Conclusão
Se você recebeu o diagnóstico de encondroma na mão, mesmo que sem sintomas, vale a pena consultar um ortopedista com expertise em cirurgia da mão.
Um olhar experiente ajuda a definir o melhor caminho: se será necessário apenas observar ou intervir com segurança.
Ter um acompanhamento personalizado faz toda a diferença na preservação da função da mão e na prevenção de complicações como fraturas.
Imagens: Créditos Freepik
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