Medicina regenerativa na mão: guia completo e seguro

A medicina regenerativa na mão combina terapias biológicas para reduzir a dor, controlar a inflamação e apoiar o reparo de tendões, ligamentos, nervos e cartilagem do punho e dos dedos.

Como especialista em patologias da mão e punho, posso afirmar que o objetivo é recuperar a função com menor tempo de afastamento e menos procedimentos extensos, sempre com seleção precisa do alvo.

O que é medicina regenerativa na mão e como funciona

A medicina regenerativa na mão utiliza concentrados autólogos, como plasma rico em plaquetas, concentrado de medula óssea e microfragmento de gordura, que entregam fatores de crescimento e células estromais.

Esses componentes modulam a inflamação, estimulam a matriz extracelular e criam um ambiente favorável à cicatrização de tecidos finos.

Na prática, o material é coletado do próprio paciente, processado em sistema fechado e aplicado no ponto doente com ultrassom ou artroscopia.

Essa estratégia melhora a precisão e reduz falhas de posicionamento, ponto chave para bons resultados.

Quando indicar o tratamento

A indicação da medicina regenerativa na mão ocorre quando há dor persistente, falha de medidas conservadoras e lesões com potencial de cicatrização biológica. Ganham destaque:

  • Tenossinovite de De Quervain, epicondilalgia do punho, dedo em gatilho recidivante.
  • Lesões parciais do ligamento escafolunar e do complexo fibrocartilaginoso triangular.
  • Rizartrose em estágios iniciais a moderados e dor articular difusa do polegar.
  • Tendinopatia dos flexores e dos extensores, inclusive do polegar.
  • Neuropatias por compressão após descompressão, como suporte à recuperação.
  • Pequenos defeitos condrais do carpo e sequelas inflamatórias pós-trauma.

Técnicas e terapias usadas na mão

Entre as principais terapias utilizadas, destaco:

  • PRP (plasma rico em plaquetas): concentra plaquetas e fatores de crescimento, útil em tendinopatias, rizartrose e lesões ligamentares parciais.
  • BMAC (concentrado de medula óssea): fonte de células mesenquimais e citocinas pró-regenerativas para defeitos condrais focais e suporte em revisões cirúrgicas.
  • MFAT (microfragmento de gordura): entrega células estromais e um arcabouço biológico, indicado para dor articular difusa do punho e do polegar.
  • Bioestimuladores locais: fibrina rica em plaquetas, colas biológicas e scaffolds absorvíveis que protegem o reparo em áreas de atrito.

A medicina regenerativa na mão deve ser guiada por imagem, o que aumenta a segurança e otimiza a distribuição do material no tecido alvo.

Microcirurgia apoiada por biologia

Em reconstruções de nervos e tendões, a associação de microcirurgia com PRP ou BMAC pode reduzir fibrose peritendínea, favorecer o deslizamento e acelerar a recuperação sensitiva.

Em coaptações nervosas, o envelope biológico ao redor da sutura cria um microambiente mais propício à regeneração axonal.

Como é o procedimento passo a passo

O procedimento envolve as seguintes etapas:

  1. Avaliação: exame clínico detalhado, revisão de exames e discussão de expectativas.
  2. Coleta: sangue periférico, medula óssea ou gordura autóloga, conforme a indicação.
  3. Processamento: centrífuga ou sistema fechado, com rastreabilidade e técnica estéril.
  4. Aplicação: injeção dirigida por ultrassom ou artroscopia, analgesia local.

Critérios de segurança incluem controle de anticoagulantes, manejo de doenças sistêmicas e assepsia rigorosa. O acompanhamento com ultrassom pode documentar a resposta tecidual.

Reabilitação e retorno às atividades

Para potencializar os resultados, recomenda-se:

  • Semanas 0 a 2: proteção do sítio, mobilidade leve guiada, controle de edema.
  • Semanas 3 a 6: progressão de amplitude, exercícios ativos assistidos e propriocepção.
  • Semanas 6 a 12: fortalecimento, treino de preensão e retorno gradual ao trabalho manual.

A adesão ao plano de fisioterapia é determinante para consolidar os ganhos que a medicina regenerativa na mão oferece.

Resultados esperados

Em tendinopatias e rizartrose, observa-se redução de dor, melhora funcional e atraso de procedimentos maiores.

Em reconstruções, o suporte biológico contribui para integração do enxerto e estabilidade do carpo.

O desfecho depende de idade, tempo de lesão, técnica e compromisso com a reabilitação.

Riscos e contraindicações

Assim como qualquer procedimento, existem riscos e contraindicações:

  • Riscos comuns: dor transitória, edema local e equimose.
  • Complicações raras: infecção com técnica inadequada, sangramento em pacientes de alto risco.
  • Evitar: infecção ativa, distúrbios graves da coagulação, neoplasias em atividade.
  • Resposta menor: artrite avançada com colapso articular e deformidade importante.

Como escolher o candidato ideal

Alguns critérios devem ser considerados para a elegibilidade do paciente:

  • Dor localizada com correlação clínica e por imagem.
  • Falha de tratamento conservador bem conduzido.
  • Lesão com potencial de cicatrização biológica.
  • Expectativas realistas e boa disponibilidade para reabilitação.

Caso você tenha ficado ainda com alguma dúvida e quer saber se a medicina regenerativa na mão pode ser aplicada à sua condição, agende uma consulta para poder esclarecer qualquer questão.

Perguntas frequentes

A medicina regenerativa na mão substitui cirurgia?

Em muitos casos, reduz dor e melhora função, o que pode adiar procedimentos maiores. Em instabilidade grave e colapso articular, a cirurgia segue como opção.

Quanto tempo leva para sentir melhora?

Geralmente entre 4 e 12 semanas, período em que ocorre modulação da inflamação e reorganização das fibras. A reabilitação acelera esse processo.

PRP, BMAC e MFAT são iguais?

Não. PRP entrega fatores de crescimento, BMAC concentra células medula-dependentes e citocinas, MFAT leva células estromais com arcabouço adiposo. A escolha depende da lesão.

Há restrições após a aplicação?

Evite esforço manual intenso por alguns dias. Siga o plano de fisioterapia e o calendário de progressão de carga indicado pelo profissional.

Quem não deve receber o tratamento?

Pessoas com infecção ativa, distúrbios graves da coagulação, neoplasias em atividade e casos de artrite com colapso importante costumam ter indicação limitada.

Dr. Henrique Bufaiçal
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Dr. Henrique Bufaiçal
Dr. Henrique Bufaiçal

Ortopedista Especialista em mãos Goiânia. Há mais de 8 anos dedicando-se exclusivamente aos cuidados ortopédicos e à Cirurgia da Mão.